quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Homem certo

Com um grito sufocado em meu travesseiro tento esconder as decisões do passado. Num dia não muito distante ainda lembro das nossas trocas de olhares esperançosos. O mesmo coração que ardia ao te ver, foi mesmo que se escondeu quando chegou o momento de entrega-lo em suas mãos. E foi com uma sequência de escolhas erradas que chegamos ao dia de hoje. Guardo em segredo a ternura que me cerca ao falar de você, o descompasso em meu coração na sua presença, e as contradições inevitáveis como implicância a cada palavra sua... e a força para esconder o que está estampado em minha cara: "Você é de longe meu maior arrependimento". Saiba bem baixinho que todas as noites o que eu mais quero é te escutar... e escutar...

["Você fala tanto do homem certo... que as vezes ele pode estar na sua frente e você não é capaz de reconhecer isso..." - e não é que esse tempo todo esteve mais do que certo...]

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Moldura

Como um ritual de despedida ela tenta desesperadamente fazer dos cacos jogados no chão uma linda moldura de presente. Mas não importa a intensidade das cores, tudo não passa de uma coleção de coisas partidas recoladas de uma maneira bonita. Sob outro olhar, tentar fazer do fim algo belo nem sempre justifica os pequenos cortes doloridos durante a confecção. Seu orgulho fica ferido e seu ar fica cansado. Tolas poesias emaranham o que o silêncio não foi capaz de preencher e o sorriso terno seca a lágrima da esperança. E quando tudo acabar, o sentimento remodelado será agora eterno, da maneira que melhor ficar estampado naquela velha galeria de novas reconstruções, chamado coração.

[Não me arrependo de nada, mas vezenquando passa pela cabeça um ah, podia ter sido diferente..." - Caio Fernando Abreu]

sexta-feira, 24 de junho de 2011

De que jeito?

Quem diria que um dia chegaria a isso? Eu aqui preocupada em te deixar livre demais te abandonando, acabei sendo surpreendida na volta pra casa. Quem poderia imaginar que pensamentos soltos tomariam a forma confirmada de algo que sempre neguei? A vontade louca de roubar pra mim, me colocou a provas de um divisor de águas. Como podem surgir novas sensações assim do nada, ainda mais depois de todo esse tempo? Como, ao mesmo tempo, lidar com as velhas mesmisses, mesmo depois de tantas novidades? Nada mais sei do novo e do velho. De volta pra casa me deparei com um novo sentimento antigo... enquanto ainda aprendia lidar com aquele velho sentimento novo.

domingo, 17 de abril de 2011

Entre jogos de ladrões ...

Te vi arrumando as malas e, como uma profecia, você partiu concretizando meus medos. Sem olhar para traz e sem pensar em nada... você seguiu em frente ignorando qualquer vestígio de sentimento que pudesse existir em mim, como sempre. Me confundo imersa nesse mar límpido de sentimentos que fiz pra você. Abri meu coração mas me tornei cega dos olhos, e tola me neguei ao que o tempo todo me berrava ao pé do ouvido. Pouco a pouco te vejo se munindo de suas armaduras e outras mentiras que mascaram o rastro que te seguiram mais uma vez. Me pergunto se pensou em mim quando chegou onde queria chegar, te pergunto agora: "Valeu mesmo a pena?".

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Colombina e o Pierrot

Venho tentando desesperadamente entender como foi que vim parar aqui. Olhando suas expressões vazias e o sorriso inexistente para cada gracejo meu, percebo que depois de muito tempo tive o que mereci. Essa brincadeira de medo, trapaça e coração ... nunca foi o meu forte. Apostei o que nunca tive em mãos, em cego... sem sequer tato e muito menos sem o sabor de um beijo seu. Mesmo assim continuei no fervor da empolgação, aumentando o risco da aposta sem ter a menor ideia da armadilha que armava. Eu, tolamente leviana, fui embora porque deu meu tempo ... e você permaneceu com tudo que eu tinha, e desconfio que com muito mais além do que ainda tenha me dado falta.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tão sua

Uma mentira repetida várias vezes na nossa história nunca vai ser verdade. Somos dois atos falhos tentando fazer dar certo. Depois de muito tempo fui perceber que o tempo todo eu andei fazendo os pedidos errados. Pedi certezas quando tudo o que queria era confiança. Pedi o seu tempo quando queria atenção. E o pior de tudo, pedi a sua armadura quando era o seu coração que queria. Conversar entre linhas não é assim tão fácil, e confesso que fiz promessas que nunca fui capaz de cumprir. Até agora tudo o que fiz foi falar que te era inteira, mas só deixei você ver metade. Te sufoquei com expectativas fantasiosas, e acabei me apaixonando por elas. Agora, só agora, entendo que esse sentimento todo existiu só na minha cabeça, e não contente com isso, tentei desesperadamente fazer com que acreditasse nisso também. Mas ao ver aquela minha velha estrela me peguei fazendo um ultimo pedido: "uma chance para ser tudo novo, de novo". E voltamos a estaca zero.