quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

E se não descubro.

Um grito. É a unica coisa que me vem a mente no momento. Sem misterios, charmes ou qualquer postura. Queria arrancar o que te reveste, desmascarar suas cantadas, destruir a sua cara de pau. Estou com tanta raiva que mal consigo me expressar. Não me importo que me engane com seus galanteios, nem com a ausencia de suas promessas, muito menos com o fato de saber que estou longe de ser a unica. O que me dói agora, que me tormenta e me corrói é o fato de me roubar o momento, o nosso momento, o meu momento. Custava você deixar ele guardado como uma boa lembrança, um segredo nosso que só a gente pode resgatar? Tinha que se desfazer, virar piada e colocar na boca de seu outros amores? Por favor me diga se realmente precisava transformar o depois assim em absolutamente nada?

[respiração]

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Desassossego

Sinto como se conhecesse por onde andaram seus pés cansados e soubesse para onde vai cada passo seu. Viajei dias por atraves do seu olhar, e meu dedos conhecem cada ruga de seu rosto. Imito todos os seus tiques como uma dança, explico suas gírias e enumero suas manias repetidas. Leio cada movimento seu como se eu fizesse da mesma maneira há séculos. Saboreio cada mistério que te cerca, persigo seu cheiro por onde vai, e conheço cada nó de seu cabelo. Conto histórias de suas cicatrizes, aperto onde dói, e engrandeço o que já teria esquecido. Criamos, juntos, um mundo de fantasias para consumir mais e mais do outro, e nos distruimos quando não temos mais saída.
Depois de tanto tempo descobrindo do que você era feito, acabei nos matando. E mesmo te cercando e te seguindo, você ainda me escapa entre os dedos ao menor golpe de vista. Não te perco, não te tenho, te conheço... mas mesmo assim já não nos reconhecemos mais.

[ “O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe de graça – que se chama paixão.” – Clarisse Lispector. ]