segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Moldura

Como um ritual de despedida ela tenta desesperadamente fazer dos cacos jogados no chão uma linda moldura de presente. Mas não importa a intensidade das cores, tudo não passa de uma coleção de coisas partidas recoladas de uma maneira bonita. Sob outro olhar, tentar fazer do fim algo belo nem sempre justifica os pequenos cortes doloridos durante a confecção. Seu orgulho fica ferido e seu ar fica cansado. Tolas poesias emaranham o que o silêncio não foi capaz de preencher e o sorriso terno seca a lágrima da esperança. E quando tudo acabar, o sentimento remodelado será agora eterno, da maneira que melhor ficar estampado naquela velha galeria de novas reconstruções, chamado coração.

[Não me arrependo de nada, mas vezenquando passa pela cabeça um ah, podia ter sido diferente..." - Caio Fernando Abreu]