(des) iludida

Mudaram todos os ares. Olho em minha volta e alguma coisa mudou, só ainda não sei bem o que é. Diria que são os amantes desiludidos, os boêmios sem poesias, o compasso desritmado da musica em minha cabeça, ou até mesmo essa voz rouca que ecoa no vazio de minha mente. Já não é mais a mesma coisa. Nem mesmo o seu olhar que tanto conhecia me parece familiar, quase não me vejo refletida neles; suas palavras soam como a de um estranho, não mais do menino que queria sempre mais; e a cada vez mais tenho a impressão que a certeza de que você estaria pensando em mim é quase nula. Você tem perguntado sobre o meu paradeiro? Ainda compartilhamos dos mesmos sonhos? Quando que você me perdeu no meio de toda essa multidão? Eu estou aqui no mesmo lugar o tempo todo, você que decidiu seguir em frente. Por onde ande a sua cabeça? Com quem está o seu coração? Não, não responda agora, primeiro preciso que saiba que hoje uma mentira cairia muito bem.

[ “Ai quem me dera uma feliz mentira,
Que fosse uma verdade para mim! “ - J. Dantas ]