domingo, 26 de julho de 2009

Satisfeito

Você tem sede de que? Eu tenho sede de algo a mais, e desconfio que ainda não saiba bem do que. Já senti o gosto do tédio, e sofri com o gosto da saudade... não suporto mais o gosto amargo da decepção nem o repugnante gosto do orgulho. Tenho sede de coisas interessantes, que me permitem fechar os olhos e assim permanecer, quero sentir o gosto da confiança que tenho por você. Eu gosto da sua sede de atenção, mas odeio a sua sede por mudar o passado, eu não quero esquecer o seu gosto, minhas memórias, muito menos minha sede. E hoje, pela ultima vez, você deixou a desejar... sinto fome!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Última canção

Sinto sua falta. As coisas eram tão mais fáceis ao seu lado. Eu brigava, você respondia; eu falhava, você me apontava; eu te amava e você correspondia. Arrependo agora por não ter me esforçado um pouco mais por você. Sei que fazer o grande gesto não seria um enorme sacrifício, mas eu tive medo, confesso que fui imatura e incapaz de reconhecer em você o cara certo, isto a um palmo de distancia. Tentei em outros olhos encontrar o seu olhar, mas acho que ninguém seria capaz de gostar de mim como um dia você ousou gostar. Me dói lembrar que só dependia de mim, sempre te tive fácil demais e não fui capaz de cuidar do que possuía. Sonhei com você outro dia, queria não ter acordado.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sta. Maria

Acho que devia começar a suspeitar de minhas certezas. Elas já não me acertam como antes. Tudo parecia ser mais fácil e no seu compasso, mas em algum momento me dei conta que fiquei para trás. Você recorreu a um outro coração para completar o seu vazio e nem sequer cogitou a possibilidade de que eu poderia estar a sua espera, quando realmente estava lá, o tempo todo ao seu lado. Será que somos tão diferentes a ponto de você não me enxergar? E como eu fico nessa nossa aproximação? Podia jurar que você tivesse entendido de alguma forma; tivemos os nossos momentos, conversas, confidências e troca de olhares, eu juro que eu vi. E como eu sonhei com que um dia viesse a me tocar, mais pertinho e sem constrangimentos; cheguei até a apertar mais os olhos para que se tornasse mais real. A única imagem que vejo agora é a sua bancando o namorado perfeito, me torturando a cada beijo que cismava em vigiar e invejar sorrateiramente; apagando aos poucos a imagem do seu sorriso que sempre surgia ao me ver. Lembro também que fiquei a observar você indo embora de mãos dadas com a sua mais nova garota, com a garantia que aquela realidade estava cada vez mais longe de ser a minha. Sempre me pego pensando que nem tive oportunidade de fazer algo, ainda mais enquanto esperava alguma coisa na vida acontecer.

[ “Finjo no sorriso a dor, que sinto ao te ver passar na rua com seu novo amor” – Ana Carolina ]

terça-feira, 7 de julho de 2009

Bilhetinho Azul

Nunca recebi uma carta de amor. Desconfio que não exista mais este tipo de galanteio. Hoje eu coleciono promessas. Não tenho nem mais idéia em números, mas sou capaz de repetir algumas delas. O mais triste é que muitas delas não vêm acompanhadas com a data de que foram cumpridas; e pior, no início quase todas vinham com uma marquinha, que cismam em chamar de expectativa, e hoje nem isso vem mais, está em branco mesmo. Soube também que minha coleção anda um pouco desvalorizada, disseram que já têm muitas no mercado, que a produção está alta, e que as pessoas já não ligam mais para isso. O engraçado é que eu ligo! Ainda espero que um dia me entreguem uma promessa e que o pacotinho não se encontre vazio. Quem sabe um dia eu encontre o jantar, o cineminha, a serenata, as viagens, o tão esperado telefonema (esse é o mais difícil, deve ser um lote promocional), ou até mesmo aquilo que se evitamos falar, o tão sumido tempo. Mas nunca, nunca espero encontrar qualquer tipo de sentimento dentro desses pacotinhos, são produtos perigosos demais, e muitas das vezes falsificados. Ou não são a mesma coisa, ou apenas aparentam conter algo, mas na verdade estão vazios, eu mesma já cansei que encontrar assim. Antes eu guardava todos eles em um potinho não muito grande, nem sonhador, nem muito bobo nem metido a sabichão; mas ele está sendo reformado no momento. Não faz muito tempo que fui enganada por um vendedor de ilusões, tamanho foi o encanto que ele me fez comprar muitos pacotinhos sem ao menos vê-los e acabei voltando com uma sacola vazia pra casa. Quando descobri que ele era um mero colecionador de corações, resolvi pegar o meu potinho de volta a força, foi quando ele acabou se partindo. Ainda bem que encontrei pessoas especializadas nesse tipo de reparo, curandeiras carinhosamente apelidadas de amigas; e agora quase não se vê mais as rachaduras de fora, como por dentro ainda da para sentir o estrago elas pediram para deixar sob observação e repouso por um tempo. Mas como eu ia dizendo, eu nunca recebi uma carta de amor, nem bilhetinho apaixonado e muito menos um correio elegante... mas promessas, promessas eu tenho.