terça-feira, 27 de julho de 2010

Achados e Perdidos

Para onde vão todas as coisas perdidas? Outro dia perdi meus sapatos, e estranhamente os encontrei dentro do armário. Já perdi várias vezes a chave do carro, minha caneta da sorte, meu cpf, meus brincos favoritos; e já os encontrei respectivamente em lugares diversos, como no contato do carro, debaixo da geladeira, na gaveta errada, e nas orelhas de minha irmã. Mas tem coisas que até hoje eu nunca descobri onde foram parar. Sei que quando perdi a calma, a encontrei num berro enlouquecido; quando perdi meus ares, fui encontra-lo na companhia da minha mais nova paixão; e quando perdi minha paz, a encontrei depois de dias chorando a fio. Outras coisas a gente não necessariamente perde, porque sabemos, no fundo, exatamente onde deixamos, como a dignidade naquele bar depois algumas doses a mais; e como o amor próprio naquele último telefonema implorando por atenção. Tem coisas também que perdemos porque pessoas nos roubam; como a expectativa de um encontro premeditado, e a esperança de que um dia seremos correspondidos a altura. Porém existem coisas que de fato não tenho a menor idéia de onde foram parar, que permanecem ausentes e raramente podem ser substituídos. Como o seu olhar seguro, seu interesse e curiosidade por mim. Suas promessas cheias de sonhos, sua atenção, o tempo que durava eternidade. Me pergunto onde foi parar todo aquele sentimento, cumplicidade, expectativas comuns. De todas as coisas que já pude ter perdido.... são essas que me são mais saudosas...

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